quarta-feira, 26 de maio de 2010
O que você leva na sua mochila?
"O que é merecidamente destacado em Amor Sem Escalas é a sua ânsia documental, do retrato de uma época (...) Cabe, então, fazer três breves observações quanto à importância da caracterização do momento histórico neste filme. Primeiro, porque ele põe face a face duas gerações de americanos: a dos que se demitem por mensagem de texto de celular, e a dos que apenas querem casar e ter filhos – e um marido que tenha energia para cuidar deles. De um modo bem-humorado, o roteiro encontra a metáfora perfeita para a geração da comunicação eletrônica: não encontramos mais as pessoas – podemos até demiti-las pela webcam. Segundo traço da caracterização: o sonho americano, o american way of life, degringolou. Observem como os depoimentos – vários reais, colhidos por Reitman mediante anúncios em jornais – demonstram a decepção e o rancor de um povo que, em função de uma crise econômica criada por seu próprio endividamento, se vê sem saída e sem perspectiva de reconstrução. Por último: a essência do individualismo americano, exemplificada na figura de Ryan Bingham, só parece estranha porque é caricatural ao extremo. No fundo, somos todos como ele, hoje em dia. Não existe muito espaço na mochila que carrega as relações. Ao considerar o desenrolar da trama uma fuga da intenções originais do roteiro, muitos críticos caíram na tentação de imaginar que a capacidade de Ryan de controlar os rumos de sua vida seria absoluta. Não pode ser. Até porque, do que seriam os impérios, sem as crises? Sábias as palavras, desse Ryan Bingham."
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ResponderExcluirEu entendo nessa crítica que são justamente os excessos de bagagem que carregamos - muitas vezes anseios para que o mundo satisfaça 'necessidades' do nosso ego - que impedem que tenhamos boas relações.
ResponderExcluirAlém disso, vejo a bagagem das relações como uma bagagem dividida, e constantente trocada entre os que se relacionam.
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