sexta-feira, 21 de maio de 2010

O eterno problema


Há uma antiga história sobre um homem que foi ver o Buda porque ele, o homem, tinha ouvido falar que o Buda era um grande mestre. Como todos nós, ele tinha alguns problemas na vida, e achava que o Buda poderia ser capaz de ajudá-lo.

Ele disse ao Buda que era um fazendeiro. “Eu gosto de administrar fazendas”, ele disse, “mas às vezes não chove o bastante, e minha colheita é escassa. No ano passado, quase ficamos na miséria. E às vezes chove muito, de modo que meus rendimentos não são o que eu gostaria que fossem”. O Buda escutou o homem pacientemente.

“Sou casado, também”, disse o homem. “Ela é uma boa mulher... Eu a amo, de fato. Mas às vezes ela me apoquenta muito. E às vezes me canso dela”.

O Buda ouviu serenamente.

“Tenho filhos”, disse o homem. “Filhos bons também... mas às vezes eles não demonstram ter muito respeito por mim. E às vezes...”

O homem prosseguiu assim, relatando todas as suas dificuldades e preocupações.

Finalmente, ele se acalmou e esperou que o Buda dissesse as palavras que haveriam de ajeitar as coisas para ele.

Em vez disso, o Buda disse: “Eu não posso ajudá-lo.”

“O que quer dizer?”, perguntou o homem, surpreso.

“Todos têm problemas”, disse o Buda. “Na verdade, todos temos 83 problemas, cada um de nós. Oitenta e três problemas, e não há nada que você possa fazer sobre isso. Se você trabalhar duro em um deles, talvez você possa resolvê-lo – mas, se fizer isso, um outro surgirá no lugar dele. Por exemplo, você num período posterior da vida perderá seus entes queridos. E você mesmo morrerá algum dia. Ora, há um problema, e não há nada que você, nem eu, nem ninguém mais possa fazer sobre isso.”

O homem ficou furioso. “Pensei que o senhor fosse um grande mestre!”, ele gritou. “Achei que o senhor poderia me ajudar! De que serve a sua doutrina, então?”

O Buda disse: “Bem, talvez ela o ajude com o problema de número 84.”

“O problema de número 84?”, indagou o homem. “Qual é ele?”

Disse o Buda: “Você não quer ter nenhum tipo de problema.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário