sexta-feira, 28 de maio de 2010

quarta-feira, 26 de maio de 2010

O que você leva na sua mochila?


"O que é merecidamente destacado em Amor Sem Escalas é a sua ânsia documental, do retrato de uma época (...) Cabe, então, fazer três breves observações quanto à importância da caracterização do momento histórico neste filme. Primeiro, porque ele põe face a face duas gerações de americanos: a dos que se demitem por mensagem de texto de celular, e a dos que apenas querem casar e ter filhos – e um marido que tenha energia para cuidar deles. De um modo bem-humorado, o roteiro encontra a metáfora perfeita para a geração da comunicação eletrônica: não encontramos mais as pessoas – podemos até demiti-las pela webcam. Segundo traço da caracterização: o sonho americano, o american way of life, degringolou. Observem como os depoimentos – vários reais, colhidos por Reitman mediante anúncios em jornais – demonstram a decepção e o rancor de um povo que, em função de uma crise econômica criada por seu próprio endividamento, se vê sem saída e sem perspectiva de reconstrução. Por último: a essência do individualismo americano, exemplificada na figura de Ryan Bingham, só parece estranha porque é caricatural ao extremo. No fundo, somos todos como ele, hoje em dia. Não existe muito espaço na mochila que carrega as relações. Ao considerar o desenrolar da trama uma fuga da intenções originais do roteiro, muitos críticos caíram na tentação de imaginar que a capacidade de Ryan de controlar os rumos de sua vida seria absoluta. Não pode ser. Até porque, do que seriam os impérios, sem as crises? Sábias as palavras, desse Ryan Bingham."

terça-feira, 25 de maio de 2010

Metade



Sem mais.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

O Éco




[Para uma pessoa linda]:

"PERGUNTEI á minha vida :


“Como achar a appetecida

felicidade absoluta?”

E um eco me disse :

– “Luta!” –

Lutei.


– “Como hei-de a esta pena

dar a cadencia serena

que suavisa, embala e encanta?”

O éco, então, me disse :

– “Canta!” –

Cantei.


– “Mas, como, num, verso,

resumir todo o universo

que em mim vibra, esplende e clama?”

Então, o éco me disse :

– “Ama!” –

Amei.


– “Como achar agora

a alma simples que puz fóra

pelo prazer de buscal-a?”

O éco, então, me disse :

– “Cala!” –

Calei-me.


E ele, então, calou-se.

Nunca a vida foi tão doce...

Tudo é mais lindo a meu lado :

mais lindo, porque calado."


(Guilherme de Almeida – Acaso – Versos de todo tempo - 1938)

domingo, 23 de maio de 2010

Dentro de mim


"Dentro de mim vivem dois
Um vive agora, o outro o depois.

Dentro de mim, estão o enfermo e o são

Um vive a realidade, o outro a ilusão

Dentro de mim, vive o mestre e o aprendiz

Um fala com o coração, o outro faz o que a mente diz

Dentro de mim estão a flor e o ouro

O louco corre para a cobiça, o sábio replanta o tesouro

Dentro de mim estão as trevas e a luz
Uma que aos poucos sucumbe, a outra que vem e me conduz

Mas, acima de tudo existe um, porém
Dos que dividem os dois que existem em mim

Um é amor, e o outro também..."

sexta-feira, 21 de maio de 2010

O eterno problema


Há uma antiga história sobre um homem que foi ver o Buda porque ele, o homem, tinha ouvido falar que o Buda era um grande mestre. Como todos nós, ele tinha alguns problemas na vida, e achava que o Buda poderia ser capaz de ajudá-lo.

Ele disse ao Buda que era um fazendeiro. “Eu gosto de administrar fazendas”, ele disse, “mas às vezes não chove o bastante, e minha colheita é escassa. No ano passado, quase ficamos na miséria. E às vezes chove muito, de modo que meus rendimentos não são o que eu gostaria que fossem”. O Buda escutou o homem pacientemente.

“Sou casado, também”, disse o homem. “Ela é uma boa mulher... Eu a amo, de fato. Mas às vezes ela me apoquenta muito. E às vezes me canso dela”.

O Buda ouviu serenamente.

“Tenho filhos”, disse o homem. “Filhos bons também... mas às vezes eles não demonstram ter muito respeito por mim. E às vezes...”

O homem prosseguiu assim, relatando todas as suas dificuldades e preocupações.

Finalmente, ele se acalmou e esperou que o Buda dissesse as palavras que haveriam de ajeitar as coisas para ele.

Em vez disso, o Buda disse: “Eu não posso ajudá-lo.”

“O que quer dizer?”, perguntou o homem, surpreso.

“Todos têm problemas”, disse o Buda. “Na verdade, todos temos 83 problemas, cada um de nós. Oitenta e três problemas, e não há nada que você possa fazer sobre isso. Se você trabalhar duro em um deles, talvez você possa resolvê-lo – mas, se fizer isso, um outro surgirá no lugar dele. Por exemplo, você num período posterior da vida perderá seus entes queridos. E você mesmo morrerá algum dia. Ora, há um problema, e não há nada que você, nem eu, nem ninguém mais possa fazer sobre isso.”

O homem ficou furioso. “Pensei que o senhor fosse um grande mestre!”, ele gritou. “Achei que o senhor poderia me ajudar! De que serve a sua doutrina, então?”

O Buda disse: “Bem, talvez ela o ajude com o problema de número 84.”

“O problema de número 84?”, indagou o homem. “Qual é ele?”

Disse o Buda: “Você não quer ter nenhum tipo de problema.”

quarta-feira, 19 de maio de 2010

A solução do mistério não importa


"Em menos de uma semana, tudo terá terminado. A história que fez que a série Lost se tornasse uma das marcas mais fortes da cultura do século 21 chega ao fim no próximo domingo, quando irá ao ar o último episódio da série, chamado apenas de “The End”.

Mas o fim da série só reforça sua importância, que vai muito além da TV. Lost criou uma mitologia própria e obrigou o espectador a especular para além da trama original, buscando links em livros clássicos e na história da religião, da ciência e da filosofia para tentar desvendar seu enigma.

Some isso ao fato de que a série acompanhou a forma como a internet mexeu com a velha mídia e desdobrou-se online, usando a rede como plataforma para divulgar mais especulações. Lost não só contava uma história – chamava seu público para participar dela, como em um jogo.

Fora dos Estados Unidos, Lost foi ainda mais importante, pois pela primeira vez na história um produto ficcional teve audiência planetária em tempo real, mérito que antes era apenas de transmissões jornalísticas e eventos esportivos. O interesse pela série fez que telespectadores de todo o planeta não esperassem a exibição dos episódios em seus países e buscassem meios – online – para acompanhar a saga simultaneamente ao público de seu país de origem.

Lost também inaugura um novo tipo de narrativa, que explora as possibilidades da era digital como nenhum filme, livro ou disco conseguiu fazer até hoje. É o produto que melhor representa como será a cultura do futuro, em que o público pode escolher entre simplesmente acompanhar uma única história ou se entregar a um universo de ramificações infinitas.

A série faz que seus espectadores sejam ativos e busquem aumentar a história a partir de sua própria participação – mesmo que isso signifique apenas especular sobre o que pode acontecer. Parece pouco, mas não é.
“O mistério representa possibilidades infinitas”, disse seu criador J.J. Abrams em uma palestra no evento TED (sobre tecnologia, entretenimento e design) em 2007. “Representa esperança, representa potencial… O mistério é um catalizador da imaginação”."

terça-feira, 18 de maio de 2010

Domingo



(Antonio Prata - Coluna do Estadão)

"
Quando o telefone tocou, minha mulher previu: "Quer ver que é o Fabrício?" - e era. Não é todo domingo que meu amigo liga, mas quase, e sempre à mesma hora: de noitinha, quando o fim de semana vai dizendo adeus e os dias úteis vão tomando, sorrateiramente, cada um de nossos pensamentos.

Embora não tenha deixado transparecer, percebi que meu amor ficou incomodado com o telefonema. Não é que não goste do Fabrício, ela adora, mas planejávamos pedir um árabe, ligar o aquecedor, assistir a um filme - e o Fabrício, em suas chamadas dominicais, invariavelmente me propõe: "Passa aqui, mano, vamos tomar umas cervejas!".

Quando eu era mais jovem, achava muito estranho as pessoas contarem o domingo como o primeiro dia da semana. Levou 30 anos para eu entender que estavam certas: o domingo à noite é a base de lançamento da semana. É a largada que, bem dada (tabule, aquecedor, vídeo, a leitura daqueles artigos infinitos nos cadernos culturais), te deixa com disposição para enfrentar a longa corrida com barreiras que começará na manhã seguinte.

Meu amigo sabe disso e é justamente por entender a importância da noite de domingo no equilíbrio geral de todas as coisas que fica angustiado, assim que o sol se põe, e me liga. Talvez algumas cervejas nos façam ignorar aquele canyon existencial: a segunda late em nossos rostos, a brisa do sábado ainda bate em nossas costas; à frente, livros a serem escritos, a dúvida se diremos algo relevante ou só repetiremos velhas bobagens, as preocupações com dinheiro e um evento ao qual não se deve faltar; atrás, a adolescência ainda fresca, aquelas promessas de nunca virar um bocó, trocar os sonhos pelo crediário; talvez até, mais longe ainda, a lembrança inata de outras épocas, em que andávamos à cavalo, usávamos espadas em vez do Word 7 for Windows e tanto fazia se era terça de madrugada ou sábado dez pras nove.

Às vezes eu vou lá na casa do Fabrício. A gente toma umas cervejas e fica empolgado. Fala bem de nossos amores e mal de nossos trabalhos. Ele me lê um poema que acabou de escrever, eu falo de um capítulo que estou começando. A gente relembra histórias de nossos ídolos literários. Eles nos parecem tão destemidos, dizendo "Sim, ao eterno" e nós, tão franzinos. Então, já de madrugada, a gente fica melancólico. Será que estamos fazendo a coisa certa? Será que não devíamos ir na direção contrária, deixar de lado a vida freelancer e abraçar uma existência globetrotter, escrever um diário, sei lá, na Macedônia? Depois disso, há um silêncio. Um de nós diz, "Mano, preciso dormir, amanhã vai ser f...", e a gente se despede, que no dia seguinte é segunda e, como se não bastasse, estaremos ambos de ressaca, respondendo e-mails e enviando notas fiscais."

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Encontros



"Há um tempo que passa, marcando com a sua passagem a caducidade dos objetos e a finitude da vida. A ele Freud se refere no seu curto e belo texto de 1915,
A transitoriedade, no qual relata um encontro acontecido dois anos antes, em agosto de 1913, em Dolomitas, na Itália, num passeio pela campina na companhia de um poeta. Ambos dialogam sobre o efeito subjetivo que a caducidade do belo produz. Enquanto para o poeta a alegria pela beleza da natureza se vê obscurecida pela transitoriedade do belo, para Freud, ao contrário, a duração absoluta não é condição do valor e da significação para a vida subjetiva. O desejo de eternidade se impõe ao poeta, que se revolta contra o luto, sendo a antecipação da dor da perda o que obscurece o gozo. Freud, que está escrevendo este texto sob a influência da Primeira Guerra Mundial, insiste na importância de fazer o luto dos perdidos renunciando a eles, e na necessidade de retirar a libido que se investiu nos objetos para ligá-la em substitutos. São os objetos que passam e, às vezes, agarrar-se a eles nos protege do reconhecimento da própria finitude. Porém, a guerra e a sua destruição exigem o luto e nos confrontam com a transitoriedade da vida, o que permite reconhecer a passagem do tempo."

O tempo que passa e o tempo que não passa - Revista Cult

sábado, 15 de maio de 2010

A sombra humana






"Abordagem interessante neste vídeo do psicoterapeuta português Emidio Carvalho sobre o lado escuro, o lado "B" que cada um de nós possui, mas que normalmente não gostamos muito de lembrar ou falar.

No centro de cada sombra humana há uma fonte de poder ilimitada. A nossa sombra é como uma mina de ouro escondida à espera de ser encontrada. Nesta mina há criatividade, coragem, auto-estima, amor, compaixão e todas as ferramentas necessárias para avançar na sua vida.

'Enquanto procuramos a luz, podemos de repente ser devorados pela escuridão... E descobrir a luz verdadeira'".

sexta-feira, 14 de maio de 2010

A borboleta


"pétala amarela
a borboleta saltou
sem pára-quedas"

O grilo

"Sempre perseguido
o grilo fica tranqüilo
cantando escondido."

Vento



"Folha de jornal
vem no vento ao meu pescoço
cachecol de letras."

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Chama



"acende chama
sorriso no escuro
sol de quem ama
"

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Primeira visita


"manhã de sol
sombra do pardal no poste
primeira visita do dia"

terça-feira, 11 de maio de 2010

Aula


"Grito da sineta
na última aula. Alegria.
Depois o silêncio.
"

segunda-feira, 10 de maio de 2010

SLOW





Hoje mais que nunca, o indivíduo moderno vive submergido numa particular corrida de obstáculos em que controlar o cronometro até a o último segundo determina nossa existência. A desconexão com o meio natural e o seu tempo, ligada as estações e demais fatores que escapam ao nosso controle, parece uma miragem nas sociedades ocidentais de hoje em dia. As cidades tornam-se anônimas e levitamos, submergidos no nosso peculiar universo de interesses. A pressa é o motor de todas as nossas ações e a cinética do Grand Prix envolve a nossa vida acelerando-a, economizando cada segundo, rendendo culto a uma velocidade que não nos faz ser melhores.
O movimento Slow não pretende abrir os cimentos do que foi construído até a data. A sua intenção é iluminar a possibilidade de levar uma vida mais plena e desacelerada, fazendo que cada indivíduo possa controlar e se apropriar do seu périplo vital. A chave reside num julgamento correto do desenvolvimento adequado para cada momento da corrida diária. Deve-se poder correr quando as circunstancias instam e suportar o temido estresse que em muitas ocasiões nos invade; mas ao mesmo tempo saber parar e usufruir de um presente prolongado que em muitos casos fica sepultado pelas obrigações do futuro mais imediato.

http://www.movimientoslow.com/pt/filosofia.html

domingo, 9 de maio de 2010

a alegria



"Hilaris in tristitia: conselho útil para uma época como a nossa, já saturada de horrores passados e à espera de minuciosos horrores futuros (que vão desde a metamorfose da Terra em uma panela de pressão superaquecida, povoada por seres famintos, até a possibilidade sempre presente de alguma estúpida hecatombe nuclear).
Época que – com a exceção de alguns desatentos... – já perdeu suas ilusões em utopias sociais ou econômicas. O que fazer, quando nenhum paraíso parece convincente?
A resposta talvez esteja no cálice de sabedoria amarga que Schopenhauer nos estende, com um piscar de olho zombeteiro.
Perante um mundo desgovernado, o sábio deve adotar uma postura consciente das agruras da existência, mas atenta a cada possibilidade de alegria e pautada pela ética, fruto da compaixão universal – sentimento quase milagroso que permite ao indivíduo transcender sua própria dor e identificar-se com a dos outros.
Sem esperanças de redenção absoluta, o homem sábio deve viver no presente, alegrando-se com as eventuais belezas da vida e suportando suas inevitáveis desgraças.
Escreve Schopenhauer em seus Aforismos Para a Sabedoria de Vida. “Só o presente é verdadeiro e real...
Por conseguinte, deveríamos dar-lhe uma acolhida jovial e fruir com consciência cada hora suportável e livre de contrariedades ou dores, em vez de turvá-la com expressões carrancudas acerca de esperanças malogradas... Quanto ao futuro, devemos pensar: isso repousa no colo dos deuses”.

Além da prudência estoica, há outra nota de esperança na obra de Schopenhauer: a salvação pela arte e pelo conhecimento.
Em tempos de tecnocracia e utilitarismo, em que as artes são constantemente enquadradas como ferramentas de marketing ou veículos para esta ou aquela ideologia política, vale a pena retomar as ideias desse amante sincero da poesia e da música (não por acaso, Schopenhauer é um dos filósofos favoritos de escritores e artistas desde o século 19).
A arte, para o pensador, é a porta do êxtase – o caminho que nos liberta temporariamente da Vontade cega e nos permite ver o sofrimento humano com o olho neutro da estética. É um repertório de sentidos possíveis em um universo de absurdos. “Ainda que não houvesse mundo”, ele escreveu, “poderia haver música.”
Mas a contemplação do belo, para ser transcendente, deve ser desinteressada. Em outras palavras: deveríamos ler poesias, apreciar pinturas e escutar sinfonias não por obrigação curricular ou vaidade intelectual – como tantos fazem hoje em dia –, mas pela busca do deleite que nos cabe, em um mundo já suficientemente cheio de tédio e de misérias. Uma relação menos neurótica e mais erótica com a cultura é um dos bálsamos receitados por Schopenhauer para as feridas incuráveis da existência."

Artigo completo

sábado, 8 de maio de 2010

Torna-te o Mestre



Torna-te o Mestre dos teus desejos; não permita que os teus desejos se tornem o teu mestre!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Gente humilde



Música de Chico Buarque na voz de Cristina Motta

quarta-feira, 5 de maio de 2010

simplicidade



"Simplificar significa, então, facilitar o acesso ao que interessa, ao conteúdo dos fatos da vida, das coisas que usamos e das mensagens que queremos passar. Isso explica tudo. Aliás, a palavra explicar significa exatamente “tirar as dobras”, alisar a folha que contém nossas ideias. Só explica quem quer simplificar. Quem não quer, complica.
(...)

Há uma diferença fundamental entre ser simples e ser simplório. Os simples resolvem a complexidade, os simplórios a evitam. Eu conheço pessoas sofisticadas, intelectualizadas, que levam uma vida plena, realizam trabalhos difíceis, apreciam leituras profundas e têm hábitos peculiares. E continuam sendo pessoas descomplicadas. Conheço também pessoas simplórias, com pouca profundidade, que realizam trabalhos repetitivos, que têm poucas ambições, que apreciam rotinas e evitam os sustos de uma vida aventurosa. E mesmo assim são pessoas complicadas, para elas tudo é muito difícil, em geral impossível.

Não, ser simples não significa evitar o complexo, abrir mão da sofisticação, negar a profundidade, contentar-se com o trivial. Ser simples significa olhar com olhos plácidos a esfinge da complexidade e decifrá- la muito antes de correr o risco de ser por ela devorado.
(...)

Há pouco assisti a um vídeo sobre a vida de Picasso, em que ele aparece desenhando a pomba que se tornaria o símbolo adotado pelo Congresso da Paz de Paris. É inacreditável como ele fez aquele desenho, tão simbólico, com tamanha facilidade. Um traço leve e lá estava a pomba com seu ramo de oliveira. Simples como a paz.

O artista nos mostrou isso através de sua genialidade, só que esta foi desenvolvida a partir de longas horas de estudo e dedicação. Antes de ser simples, Pablo Picasso foi complexo, estudou anatomia humana, desvendou Cézanne, deformou faces, criou o cubismo, aprofundou-se em arte africana. Ou seja, levou tempo para fazer coisas simples. Aliás, foi ele mesmo que disse que “leva-se muito tempo para ser jovem”, atribuindo à leveza da juventude a maturidade de ser descomplicado."


Leia o artigo inteiro clicando aqui.




segunda-feira, 3 de maio de 2010

Do riso e do esquecimento do fim



(Xico Sá) - "E quando imaginávamos que estava tudo acabado, que amor não mais havia, que tinha ido tudo para as cucuias, que o fogo estava morto como no engenho de Zé Lins, que o amor era apenas uma assombração do Recife Antigo...

Quando já dizíamos, a uma só voz, aquela crônica triste de Paulo Mendes Campos: “Às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba...”


Quando já separávamos, olhos marejados, os livros e os discos...

Quando o Neruda já estava no fundo da caixa de mudança...


Quando mirávamos, no mesmo instante, a nossa foto feliz no porta-retratos...


Quando não tínhamos nem mais ânimo para as clássicas D.R´s –discussões de relação...
Ave, palavra, até o gato, nervoso, sem saber com quem ficaria, quebrava coisas dentro de casa àquela altura. Estava na cara: aquele feliz casal já era. O cheiro do fim tomara todos os cômodos, a rua, o quarteirão, o bairro, a cidade, o mundo...

Quando só restava cantar uma música de fossa do Chico... “Aquela aliança você pode empenhar ou derreter..."


Quando só restava a impressão de que eu já vou tarde...
Sim, o quadro era realmente trágico, não se tratava de exagero nosso. Sabe quando resta apenas o silêncio e o descaso? De tanta inércia, faltava até força para que houvesse a separação física, faltava força para arruma as malas, para ir morar no Lameiro, lá no Crato, ou na casa de um amigo.

Ah, amigo, quer saber quem bateu o ponto final da história do casamento?
Ela, claro, você acha que homem tem coragem para acabar qualquer coisa?

O estranho é que ela não disse, em nenhum momento, que não gostava mais do pobre mancebo. Aquilo me encucava. Porque um homem, como disse o velho Antonio Maria, nunca se conforma em separar-se sem ouvir bem direitinho, no mínimo quinhentas vezes, que a mulher não gosta mais dele, por que e por causa de quem etc etc.


E nesse clima de fim sem fim os dias foram passando... Até que chegou o domingo.
Eu acabara de levantar do amigo sofá, que havia se transformado no meu leito, quando ela passou com uma cara de impaciência e desassossego. Mais que isso: com vontade de matar gente! Era a cara que fazia quando estava faminta.

Sabe mulher que fica louca quando a fome aperta?
Vi aquela cena e cai na gargalhada. A princípio ela estranhou... Mas sacou tudo e danou-se a morrer de rir igualmente. Nos abraçamos e rimos e rimos e rimos e rimos daquilo tudo, rimos da nossa fraqueza em não dar a volta por cima, rimos do nosso silêncio sem sentido, rimos desses casais que se separam logo na primeira crise, rimos da falta de forças para enfrentar os maus bocados, rimos, rimos, rimos....

E um casal que ainda ri junto tem muita lenha verde para gastar na vida e fazer cuscuz com bode. Agora ela está deitada, linda, cheirosa, gostosa, psiu!, silêncio, ela dorme enquanto escrevo essa crônica!"

domingo, 2 de maio de 2010

Marlin Azul



"Costuma nadar sempre sozinho, mas, na época reprodutiva, forma pares ou grupos pequenos. É um peixe naturalmente do dia e, à noite, procura as águas mais profundas, sem manifestar grande interesse por alimento.

O marlin azul é o mais cobiçado da pesca oceânica. O maior peixe de bico do mundo reúne características irresistíveis para qualquer pescador: é esportivo, veloz, exige o máximo dos equipamentos mais pesados e toda a técnica e força bruta do pescador.

Mas a aventura compensa. 'O marlin azul virou símbolo de tudo o que o mar tem de mistério, aventura e desafio'."

sábado, 1 de maio de 2010