"Empresa social é - segundo Yunus - uma organização voltada para causas. Nela, os acionistas não estão preocupados com bottom line e admitem a idéia de apenas recuperar o dinheiro investido. Os resultados financeiros - sim, persegui-los é importante! - são integralmente revertidos na melhoria de um produto ou serviço com claro apelo social e também na expansão do seu “mercado” local. (...)
Na Wall Street, pós ou pré-crise do subprime, modelos como este são tratados com ironia e desdém, e gente da estirpe de Yunus, como poetas sonhadores. De lado qualquer licença poética, o fato é que, há quatro anos, Yunus convenceu Franck Riboud, CEO da francesa Danone, a fundar, com o Grameen Bank, a primeira empresa social de Bangladesh, um país com 150 milhões de habitantes e uma renda per capita menor que US$ 4 por dia.
Durante almoço em Paris, Riboud confessou que desejava encontrar formas inovadoras de estender a missão da companhia de contribuir para a saúde de mais pessoas, especialmente das mais carentes. Yunus, por sua vez, viu na fala do executivo uma oportunidade para turbinar sua luta contra a desnutrição no país. Reunida a fome com a vontade de comer, nasceu, seis meses depois, a Grameen Danone Foods - uma pequena fábrica localizada em Bogra, no Norte de Bangladesh, produtora do Shoktidoi, um iogurte fortalecido com vitaminas e sais minerais.
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No caso da empresa social de Bangladesh, recai um desafio de outra ordem: oferecer um bom produto a preço bastante acessível para pessoas de baixíssima renda. Os sócios da Danone Foods prevêem que a fábrica deverá equilibrar entradas e saídas apenas daqui a dois anos, quando puder ocupar toda a sua capacidade produtiva. Alto investimento para alta recompensa social.
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Evidentemente, experiências como a de Yunus ainda são vistas como alternativas, até porque confrontam a lógica vigente da rentabilidade de curto prazo. Não há nenhum sinal no horizonte mais próximo de que as empresas venham a aceitar a idéia de substituir a recompensa financeira pelo dividendo social aos seus investimentos. De qualquer modo, é bom para o mundo que as empresas sociais existam e em número cada vez maior, ainda que como símbolos de um ativismo generoso e solidário, expressões da missão institucional de empresas que pretendem deixar o mundo melhor para futuras gerações. Coexistindo com as empresas convencionais elas não nos farão esquecer nunca de que o melhor lucro é aquele que está a serviço do desenvolvimento, do bem-estar e da qualidade de vida das pessoas. Não custa sonhar que, um dia, Yunus convença Immelt a criar uma empresa social."
fonte: http://mercadoetico.terra.com.br/arquivo/e-possivel-uma-empresa-social/
=)hope.
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