Algumas das coisas que tem marcado minha fase atual são questionar e observar a falta de noção e interesse que as pessoas tem pela política (incluindo a mim próprio); como em certos lugares e grupos a cultura e a história brasileira são valorizadas e vivenciadas; e a relação das pessoas com o trabalho.
É um momento nem sempre confortável, mas um tanto quanto delicioso.
Vale a pena relatar uma experiência de ontem à noite, que foi o impulso final pra sentar e escrever, junto com uma manhã extremamente favorável.
Conheci, finalmente, a comunidade Samba da Vela, em Santo Amaro.
E entre todas essas reflexões, de trabalho, cultura e política, me desliguei um pouco de mim mesmo e me deixei levar por música de altíssima qualidade (samba de verdade eu diria!), pessoas mais velhas do que eu e de uma simpatia envolvente, e como se não bastasse, um pouco depois de a vela se apagar, fui servido com saboroso caldo de galinha com salsão e coentro!
Não cheguei, óbvio, a nenhum tipo de conclusão sobre essas idéias que me (re)visitam. Entretanto, ouvindo os seguintes versos senti meus pé se enterrarem no chão de cimento como se fosse terra, e me senti em contato com as minhas mais profundas e antigas raízes, e então desejei comigo mesmo:
'Se o mundo está dividido entre aqueles que gostam de por-do-sol e aqueles que não gostam ou são indiferentes a ele, espero que a idade, o trabalho ou qualquer outra passagem não me tirem deste primeiro grupo, onde eu me sinto tão em casa'.
"O samba vem de nossas raízes
Conta a história de nossa gente
O samba está no sangue do Brasil
De brancos, índios e afro-descendentes"